Bambu, o “Aço Verde” da Construção

A construção civil é desde há já alguns anos, um dos maiores setores da economia a nível mundial. Os materiais estruturais de que são feitas as construções mais recentes são na sua grande parte betão, aço e cimento. Estes são responsáveis pelo consumo da maioria da energia necessária para conceber uma construção, para além de contribuírem com a emissão de CO2. O bambu, para além de ser um material natural, renovável e ecológico confere uma resistência comparável à do aço, motivo pelo qual, se diz que é o “aço verde” da construção. Sempre que possível a utilização desta tecnologia de construção, os preços são equivalentes aos das soluções que usamos habitualmente.

Tomando como exemplo, a construção de uma moradia, quando se fala da energia necessária para a sua conceção, estamos a referir-nos à energia necessária para produzir os materiais, transportá-los até ao local da obra e utilizá-los até obter o produto final. No caso do aço, este tem de ser fabricado sob altas temperaturas, transportado para a obra, e poderá ainda ser cortado ou moldado para depois ser aplicado.

É aqui que entra o bambu. Este, para além de ter um custo de energia de transporte mais baixo por ser mais leve que o aço, tem um custo reduzido na sua produção, pois não precisa de ser transformado, uma vez que pode ser utilizado naturalmente. Deve, no entanto, ser tratado antes da sua aplicação, através de imersão em água com posterior secagem, para garantir maior resistência e prevenir a sua degradação devido a pragas.



Além disso, ao contrário do aço que despende bastante energia não renovável para ser produzido, o bambu pode ser intensamente utilizado, pois cresce 30% mais depressa que as outras espécies de árvores, e mesmo sendo muito utilizado, é capaz de fornecer muito material para a construção, o que faz com que possa ser considerado um recurso renovável.

Este material ecológico, natural e renovável, depois de utilizado, se tiver uma boa manutenção, pode durar até 30 anos, e apresenta uma boa resistência à compressão, tração e flexão, podendo ser comparado com os parâmetros do aço. Existem estruturas feitas de bambu que, dependendo da manutenção que têm e do local onde se encontram, já existem há cerca de um século.

Tal como o cimento, o bambu pode ser utilizado juntamente com os componentes que formam o betão, podendo substituir em parte ou totalmente o aço na produção de betão armado. Se as peças de bambu que compõem esse betão forem bem tratadas, aparafusadas, encaixadas ou amarradas, podem substituí-lo, contribuindo assim para a preservação do meio ambiente.


Contudo, o bambu por si só não tem a capacidade de substituir o aço em todas as construções, pois o sistema construtivo a adotar e o tipo de construção tem de ser compatível com este. Assim, é preferível que a construção apenas em bambu não exceda dois pisos, quando a solicitação de cargas é grande, para evitar o colapso da estrutura. Para esta grandeza de cargas, poder-se-á utilizar o bambu para substituir apenas em parte o aço utilizado, mas tendo também o betão como constituinte da estrutura.

É possível a utilização do bambu em construções cujas alterações climáticas nos locais não sejam muito acentuadas, para que não acelerem o processo de degradação da estrutura.

O bambu pode ser encontrado em países como a China, Colômbia, Equador e Brasil, onde existem construções já feitas apenas com este material, tais como, casas, coberturas de edifícios, muros, andaimes, etc.


No caso do Brasil, existem empresas que comercializam certos tipos de bambu que são mais indicados para a construção – o bambu-mossô que corresponde a varas de 3 a 7 metros e o bambu gigante que corresponde a varas de 3 a 4 metros. Note-se que o diâmetro do bambu deverá ser de mais de 10 cm para que possa ser utilizado em estruturas.

Para uma quantidade correspondente a uma dúzia de varas, o bambu-mossô é vendido a partir de 150 reais (22,5 euros) e o bambu gigante a partir de 240 reais (36 euros).

Em resumo, mediante algumas condicionantes é possível utilizarmos este “aço verde” na construção que valerão o esforço para a preservação do ambiente.



Fontes:
https://www.blogdaarquitetura.com/por-que-o-bambu-e-considerado-o-aco-verde-da-construcao-civil/
https://www.engenhariaeconstrucao.com/2014/11/bambu-sustentabilidade-construcao.html